IDENTIDADES E ESTEREÓTIPOS EM “A HERÓICA CIDADE”, DE MYRIAM CAMPELLO
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Resumo
A fim de pensar sobre as interseções entre literatura, história e identidade, este artigo propõe uma análise literária de “A heróica cidade”, de Myriam Campello (2017). O conto da autora brasileira entretece história e ficção a partir de uma narrativa metalinguística e intertextual: a narradora e um interlocutor discutem sobre como será contada a fundação da cidade do Rio de Janeiro por Estácio de Sá. Neste trabalho, equaciona-se como atuam o plano de expressão e o plano de conteúdo na construção de efeitos de sentido do texto que, por sua vez, contribui para a ressignificação das narrativas dominantes sobre a chegada dos portugueses a terras brasileiras e promove reflexões sobre marcas identitárias e estereótipos. Propõe-se, ainda, considerar tendências estéticas e temáticas na literatura em língua portuguesa, em específico a epopeia brasileira do século XIX, em contraponto com a literatura contemporânea. Para tanto, faz-se referência a Miguel Real (2012) e Antônio Cândido (2006), ambos pensadores literários de Portugal e do Brasil, respetivamente, de forma a enriquecer a perspetiva lusófona a partir das duas óticas. O conto de Campello, irónico e subversivo, apresenta uma reinvenção das canónicas narrativas quinhentistas, seiscentistas e mesmo dos romances históricos que as sucederam. No interior da narrativa contemporânea, as provocações campellianas sugerem que o leitor aprofunde, criticamente, os eventos históricos que entrecruzam Brasil e Portugal.
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