“Tirem-nos tudo, mas deixem-nos a música!”: o teor testemunhal na poesia de Noémia de Souza

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Anaiara Cristina Lima Silva
https://orcid.org/0000-0001-9723-2235
Iêda Mano Fernandes
https://orcid.org/0000-0002-0472-1054
Márcio Araújo de Melo
Abilio Pacheco de Souza
https://orcid.org/0000-0001-6809-4865
Luciana de Barros Ataide

Resumo

A poesia de Noémia de Souza apresenta traços que se revelam como instrumento de denúncia ao sistema e à violência sofrida pelo povo africano. A maioria dos seus textos são construídos entre 1948 a 1951, período marcado pelo racismo gritante e pelo seu exílio em Lisboa (1951). Nesse contexto, a autora assume papel fundamental para Literatura Moçambicana, não somente enquanto mulher negra que ocupa um espaço dominado por brancos, mas como escritora que fala da exploração, do racismo e brutalidade contra seu povo e sua cultura. Os seus escritos se apresentam como símbolo de resistência e testemunho contra o poder vigente e em favor da maioria negra minorizada. Com base na escrita dessa poeta, especificamente do poema “Súplica” produzido por volta de 1951, durante o Estado Novo e administração portuguesa de Moçambique, objetivamos, a priori, compreender o contexto da formação das Literaturas Africanas de língua portuguesa, com foco na de Moçambique, e posteriormente, traçar uma análise a partir da perspectiva da teoria do testemunho, apontando para os aspectos presentes no poema que revelam como “grupos e etnias historicamente silenciadas aparecem sufocadas” (Pachêco de Souza, 2024, p. 20). Para a construção que propomos, sobre as literaturas de língua portuguesa nos fundamentamos em Souza e Silva (1996); Meloni e Franco (2015); Fonseca e Moreira (2017); E no que tange a Teoria do Testemunho utilizamos Pachêco de Souza (2024); Salgueiro (2010) e Ferraz (2022).

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Como Citar
Lima Silva, A. C., Mano Fernandes, I., Araújo de Melo, M., Pacheco de Souza, A., & de Barros Ataide, L. (2025). “Tirem-nos tudo, mas deixem-nos a música!”: o teor testemunhal na poesia de Noémia de Souza. Revista Lusófona De Estudos Culturais E Comunicacionais (NAUS), 8(1), 51–63. https://doi.org/10.29073/naus.v8i1.959
Secção
Artigo

Referências

Ferraz, M. (2022). O testemunho poético no limiar da lírica moderna. Cegraf UFG.

Fonseca, M. N. S., & Moreira, T. T. (2017). Panorama das literaturas africanas de língua portuguesa. Cadernos CESPUC de Pesquisa Série Ensaios, 16, 13–72. https://periodicos.pucminas.br/index.php/cadernoscespuc/article/view/14767

Meloni, O. H., & Franco, R. G. (2015). Literaturas africanas de língua portuguesa: Uma introdução. Fundação Cecierj.

Pacheco de Souza, A. (2024). Testemunho, teor testemunhal e dispositivo na literatura brasileira 60–70. In A. Pacheco de Souza, C. A. S. Figueiredo, & H. B. C. Pereira (Eds.), Escritas e escritos (im)pertinentes na Amazônia: Estudos de literatura, resistência, testemunho e ensino (pp. 17–30). Nepan Editora.

Salgueiro, W. (2010). A poesia brasileira como testemunho da história (rastros de dor, traços de humor): A exemplo de Chacal. Revista Texto Poético, 9, 127–145.

Saúte, N. (2001). Noémia de Souza: A mãe dos poetas moçambicanos. In N. de Souza (Ed.), Sangue negro (pp. 11–24). AEMO.

Souza e Silva, M. de. (1996). Negros de todo mundo, o que é isto? In M. de Souza e Silva (Ed.), Do alheio ao próprio: A poesia em Moçambique (pp. 41–63). Editora Universidade de São Paulo/UFMAG.

Souza, N. de. (2001). Súplica. In N. de Souza (Ed.), Sangue negro (pp. 37–38). AEMO.