Realismo mágico, teleportagem e decolonialidade em Octavia Butler e Toni Morrison

##plugins.themes.bootstrap3.article.main##

Sueli Meira Liebig

Resumo

O Realismo Mágico, gênero no qual se inserem os romances Kindred: Laços de Sangue (2017), de Octavia Butler e Amada (2012), de Toni Morrison, é um tipo de ficção tradicionalmente visto como típico da literatura do Ocidente, a qual reforça ideias coloniais desde o seu aparecimento. Uma vez que esta vertente do Realismo é comumente interpretada como subversiva e decolonial (Bernardino-Costa; Grosfoguel ,2016); (Frazier, 2018), procuro explicar, através de um estudo comparatista, a relação entre este gênero ficcional e as movimentações decoloniais feministas existentes nas formas de colonização dos Estados Unidos. Ambas as obras agem através do tropo especulativo da “teleportagem” (Oxford,2020; Piberam,2021; Michaelis, 2024), que é um método de subversão da cosmovisão ocidental a questionar as conjeturas da história e da ciência (Agatti, 1977). O propósito deste artigo é verificar o papel que o Realismo Mágico e o fenômeno da teleportagem exercem nestes dois romances, examinando em cada um deles trechos do insólito, do mágico  de viagens no tempo e outros fenômenos extranaturais que resultem em críticas decoloniais. Concluo que esses fenômenos, comumente encontrados na escrita de autoras negras (Ahmad ; Kaneez, 2017); (Sousa; Dias, 2018), ocorrem nestas obras como ferramentas eficazes que, subliminarmente, agem no combate à interseccionalidade colonial e suas mazelas.

Downloads

Não há dados estatísticos.

##plugins.themes.bootstrap3.article.details##

Como Citar
Meira Liebig, S. (2025). Realismo mágico, teleportagem e decolonialidade em Octavia Butler e Toni Morrison. Revista Lusófona De Estudos Culturais E Comunicacionais (NAUS). Obtido de https://revistas.ponteditora.org/index.php/naus/article/view/964
Secção
Artigo

Referências

Agatti, A. P. R. (1977). Os valores e os fatos. Ibrasa.

Ahmad, M., & Kaneez, F. (2017). Female identity and magical realism in Native-American and Afro-American women writing: A comparative analysis of Louise Erdrich’s Tracks and Toni Morrison’s Beloved. Scholedge International Journal of Multidisciplinary & Allied Studies.

Bernardino-Costa, J., & Grosfoguel, R. (2016). Decolonialidade e perspectiva negra. Revista Sociedade e Estado, 31(1), 1–15. https://www.scielo.br/j/se/a/wKkj6xkzPZHGcFCf8K4BqCr/?lang=pt

Bernardino-Costa, J., et al. (2009). Relações raciais em perspectiva. Sociedade e Cultura, 12(2), 215–222.

Brunel, P., et al. (1990). O que é literatura comparada? (C. Barrettini, Trans.). Editora da UFMG.

Butler, O. E. (1977). Mind of my mind. Headline.

Butler, O. E. (1979). Kindred. Beacon Press.

Butler, O. E. (2017). Kindred: Laços de sangue (C. C. Coelho, Trans.). Morro Branco.

Carvalhal, T. (1986). Literatura comparada. Ática.

Cesaire, A. (2000). Discourse on colonialism (J. Pinkham, Trans.). NYU Press / Monthly Review Press.

Clark, P. D. (2018). The Black God's drums. Tordotcom.

Coronil, F. (2008). Elephants in the Americas? Latin American post-colonial studies and global decolonization. In M. Moraña, E. Dussel, & C. Jáuregui (Eds.), Coloniality at large: Latin American and post-colonial debate (pp. 396–416). Duke University Press.

Coutinho, E., & Carvalhal, T. (Eds.). (2011). Literatura comparada. Rocco.

Cunha, E. L., & Souza, E. M. (Orgs.). (1996). Literatura comparada: Ensaios. EDUFBA.

Davis, A. Y. (1981). Women, race & class. Vintage Books.

Dicionário Oxford da Língua Portuguesa. (2024). Dicionário Oxford da Língua Portuguesa. Oxford University Press. https://languages.oup.com/googledictionarypt-en/

Du Bois, W. E. B. (1996). The souls of Black folk. Penguin Classics.

Dussel, E. (1994). 1492: El encubrimiento del otro: Hacia el origen del mito de la modernidad. Plural Editores.

Dussel, E. (2005). Europa, modernidade e eurocentrismo. In E. Lander (Ed.), A colonialidade do saber: Eurocentrismo e ciências sociais. Perspectivas latino-americanas (pp. 55–70). Clacso.

Escobar, A. (2018). Designs for the pluriverse: Radical interdependence, autonomy, and the making of worlds. Duke University Press.

Fanon, F. (2005). The wretched of the Earth. Grove Press.

Frazier, J. (2018). Subversive realities: Magical realism as a decolonial agent in speculative fiction [Master’s thesis, Texas Tech University].

Furman, J. (1996). Toni Morrison’s fiction. University of South Carolina Press.

Gaglione, C. (2019). O que é ficção especulativa e como ela cresce no Brasil. Nexo Jornal. https://www.nexojornal.com.br/expresso/2019/09/08/o-que-eficcao-especulativa-ecomo-elacresce-no-brasil

Galeano, E. (1986). Las venas abiertas de América Latina. Siglo XXI.

Garuba, H. (2003). Explorations in animist materialism: Notes on reading/writing African literature, culture, and society. Public Culture, 15(2), 261–286. https://doi.org/10.1215/08992363-15-2-261

Glissant, É. (1989). Caribbean discourse: Selected essays. University of Virginia Press.

Glissant, É. (1990). Poetics of relation. University of Michigan Press.

González, B. S. (1996). Magic realism in Toni Morrison. Matematisk Institut, Aarhus Universitet.

González, B. S. (1996). Magical realism in Toni Morrison. In Many sundry wits gathered together (pp. 313–318).

Hall, S. (2003). Da diáspora: Identidades e mediações culturais. UFMG.

Hooks, b. (2014). Ain't I a woman: Black women and feminism (2nd ed.). Routledge.

Hurston, Z. N. (2021). Their eyes were watching God. Amistad.

Liebig, S. M. (2024). Teleportation in Beloved and Kindred: Magical realism, sacred realism, or Black enchantment? The International Journal of Business Management and Technology, 7(1), 1–10.

Lugones, M. (2007). Heterosexualism and the colonial/modern gender system. Hypatia, 22(1), 4–16.

Márquez, G. G. (1977). Cem anos de solidão. Record.

Marshall, P. (1983). Praise song for the widow. Putnam Adult.

Mathuray, M. (Ed.). (2009). On the sacred in African literature: Old gods and new worlds. Palgrave Macmillan.

Mbembe, A. (2000). De la postcolonie. Karthala.

Michaelis. (2024). Moderno Dicionário da Língua Portuguesa. Melhoramentos.

Mignolo, W. D. (2000). La idea de América Latina. Gedisa.

Mignolo, W. D. (2002). The geopolitics of knowledge and the colonial difference. South Atlantic Quarterly.

Mignolo, W. D. (2007). La epistemología de la periferia. Ediciones del Signo.

Mignolo, W. D. (2009). Epistemic disobedience, independent thought, and de-colonial freedom. Theory, Culture & Society, 26(7–8), 1–23.

Mignolo, W. D. (2017). Coloniality is far from over and so must be decoloniality. Afterall: A Journal of Art, Context and Enquiry, 43, 38–45.

Milton, H. C. (1996). O romance histórico e a invenção dos signos da história. In E. L. Cunha & E. M. Souza (Orgs.), Literatura comparada: Ensaios. EDUFBA.

Morrison, T. (1987). Beloved. Vintage.

Morrison, T. (1981). Tar baby. Alfred A. Knopf.

Morrison, T. (2012). Amada (J. R. Siqueira, Trans.). Companhia das Letras.

Oxford. (2020). Dicionário Oxford da Língua Portuguesa. Oxford University Press. https://www.oxfordlearnersdictionaries.com/

Pepetela. (2015). Lueji: O nascimento de um império. LeYa.

Priberam. (2021). Dicionário Priberam de Português. https://dicionario.priberam.org/consulta

Quijano, A. (1989). Colonialidad del poder. Revista de Ciencias Sociales, 20(1), 533–580.

Quijano, A. (1990). Colonialidad y modernidad/racionalidade. In H. Bonilla (Ed.), Los conquistados: 1492 y la población indígena de las Américas (p. 447). Tercer Mundo / Libri Mundi.

Quijano, A. (2005). Colonialidade do poder, eurocentrismo e América Latina. In E. Lander (Org.), A colonialidade do saber: Eurocentrismo e ciências sociais. Perspectivas latino-americanas (pp. 227–278). Clacso.

Santos, B. de S. (2014). Epistemologias do Sul. Cortez.

Souza, W. G. de, & Dias, I. M. S. (2018). Ficção especulativa escrita por mulheres negras. Revista de Letras JUÇARA, 2(1), 298–311.

Wallerstein, I. (1983). Historical capitalism. Verso.

Wallerstein, I. (1990). Culture and the world-system. Theory, Culture & Society. https://journals.sagepub.com/home/TCS

Wallerstein, I. (1992). The West, capitalism, and the modern world-system. Review (Fernand Braudel Center), 15(4), 561–619.

Weinhardt, M. C., & Mendonça, M. (Orgs.). (2011). Centro, centros: Literatura e literatura comparada em discussão. Editora da UFPR.

Zinsser, W. (Ed.). (1987). Inventing the truth: The art and craft of memoir. Mariner Books.